sábado, 15 de janeiro de 2011

"Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo."


Sabe quem disse essa frase? Alguém que encontrou com Liesel Menenger três vezes e que passou a admirá-la. Arrisca um palpite? Aqui vai a resposta:
A morte.
A própria em pessoa. Como sei disso? Li seu livro. A morte é a ilustre narradora desse conto que me impressionou bastante.
A menina que roubava livros conta a história de Liesel, uma menina que tem a vida marcada por perdas. Primeiro o irmão mais novo que morreu ao seu lado num trem, depois a mãe que a deixou com uma família de aluguel e muitas outras que, se forem contadas, estragarão o efeito da narrativa sobre você. Estamos em uma época entre 1939 e 1943, em plena Alemanha Nazista. Liesel não sabia ler quando roubou o primeiro de seus quatorze livros, o Manual do Coveiro, no enterro do irmão. E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte.
O pai de Liesel, Hans, era um homem simples, porém feliz. Tocava acordeão, e ela adorava ouvi-lo tocar. Da mesma forma, ele adorava ouvi-la ler cada pequena palavra de seus livros com a atenção e a vagareza de uma criança.
Sua vida virou de cabeça para baixo quando Hans passou a abrigar um judeu em seu porão para pagar uma dívida que tinha com o indivíduo. Max não exigia nada, a não ser que não fosse entregue às autoridades. Liesel se afeiçoou com ele e não compreendia por que o governo não gostava de pessoas como Max. Ele era tão gentil, tão simpático. Ele desenhava para ela. Ilustrava as histórias que contava nas paredes do porão.
A morte é legal. O problema é o trabalho que faz. Ela não tem culpa de ter sido colocada naquela função. Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. E Liesel conseguiu.
Olha, para quem curte as aulas de história como eu e já ouviu falar, mesmo que remotamente, da 2ª Guerra Mundial tem que ler esse livro. Simplesmente maravilhosa a abordagem do modo como a Alemanha se tornou fria e preconceituosa sobre vários aspectos durante aqueles seis impiedosos anos. Eu recomendo a você, não importa sua idade ou a sua visão de mundo. Nada será tão chocante como a realidade de A menina que roubava livros.
Afinal, quando alguém tão inesperada quanto a Morte resolve contar uma história, a gente se senta em um meio-círculo diante dela e ouve com atenção. Nunca se sabe o que pode sair daqueles lábios.

Um comentário:

  1. é msm!! já li esse livro muitas vezes,e sempre me emociono,é uma história muito comovente de uma menina tão pequena,é meu livro favorito.E amo ele.

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